Logo que terminei meu último vestido {este}, aproveitei os últimos dias de sol quente e vesti na primeira oportunidade que tive. E foi num sábado, num festival de rua chamado Newtown Festival que o romance aconteceu.
Estava lá eu, andando, comendo e ouvindo música quando uma moça me pára e pergunta:
– Oi, eu amei o seu vestido, onde você o comprou?
– Errrrr, eu que fiz
– Ain, que pena =(
– Mas volta aquuiiiii, eu posso fazer um pra vc!
– Juraaaaa?
Mais ou menos isso. Menos afetado porque a mocinha alemã não tem intimidade pra falar assim, mas trocamos nossos emails e logo começou a conversa toda. O nome dela é Franziska e ela queria porque queria o mesmo vestido que eu havia feito pra mim, mas estava preocupada pois tinha poucos dias livres até partir de volta para Berlim.
Imediatamente marquei um dia para retirar as medidas e ela saiu em busca do tecido. Infelizmente a minha estampa estava “sold out | esgotado” na loja, então passei alguns bons endereços em Wellington para ela fazer o garimpo. Eu corri para começar o molde.
Como já havia feito essa mesma modelagem anteriormente, não surgiram dúvidas nem problemas.
Parti da base do vestido justo caminhando para esta adaptação. No modelo dela, ampliei um pouco a saia mas mantive os mesmos detalhes de decote, cavas e costas.
Mas havia um pequeno problema chamado tempo: Como ela voltaria para a Alemanha em poucos dias, não havia tempo suficiente para fazer uma peça piloto + prova + peça definitiva. Decidi começar pelo forro, assim poderia fazer qualquer ajuste e, caso necessitasse, uma nova peça sem colocar em risco o tecido que ela iria escolher.
E do nada Fran me liga: Você pode fazer uma saia pra mim também?
Segundo disse, ela havia se apaixonado por uma estampa e queria mais uma peça de roupa. Então lá fui eu traçar a saia lápis seguindo as medidas e corri para fazer o forro também.
Daí aconteceu uma coisa curiosa: Estava eu aqui: modelando, costurando e achando as medidas da moça um luxo – aquele perfil bem popular no Br, com cintura fininha e quadril proeminente – e o traçado seguindo bonito e os forros, harmônicos. No dia em que ela veio à minha casa para provar as peças, confessou que tem muita dificuldade de encontrar roupas 😳. Me explicou que geralmente veste tamanho 42 no quadril e 38 na cintura, assim sendo, não consegue ter uma saia reta sequer porque nada cabe nela. E me contou vários casos de roupas que não acomodam no seu corpo pela diferença de medidas. 😰
Franziska me contou ainda que atualmente não tem nenhuma calça jeans porque nenhuma veste legal no corpo dela. E ela simplesmente desistiu, então só veste saia, vestidos e calças de pregas, que são as que acomodam bem seu corpo.
Eu fico aqui, achando o corpo violão uma coisa linda ever e mesmo assim ninguém passa livre pelas padronagens industriais, não?
Quando eu disse à ela que havia feito algumas calças jeans com sucesso ela pirou 👖. Pena que o tempo não era suficiente pra gente inventar umas modas e eu costurar uma calça pra ela também.
A primeira e única prova foi bem positiva: precisei fazer um mínimo ajuste no quadril da saia (que estava largo) e reduzi um pouco a cintura do vestido para um encaixe perfeitinho.
A coisa mais legal de estudar (e aplicar!) a modelagem sob medida é que a gente vai sacando como as folgas de vestibilidade e as curvas da modelagem respondem a cada corpo.
Uma coisa que funcionou pra mim ficou quase bom na Fran mas o ajuste que eu precisei fazer pro quadril dela, jamais faria no meu e assim a coisa segue ✂️.
Aqui, o direito e o avesso do vestido pronto. O tecido externo é algodão e o forro foi feito com seda (!). Fechamento em zíper invisível.
Na saia precisei tomar cuidado duplo com o encaixe da estampa: com um print tão visível, o “desencaixe” ficaria bastante feio, então tentei ser o máximo precisa possível.
Só a lateral que não deu pra encaixar por conta da curva do quadril, mas procurei preservar a estampa alinhada para manter uma conversa entre dianteiro e traseiro.
Dá pra ver o zíper alí em cima, certo?
Essa foi uma experiência bem legal e inusitada. Claro que outras vezes já perguntaram onde eu comprei algo que eu havia feito, mas uma pessoa querer TANTO uma peça sob medida e ainda confiar em mim sem ao menos me conhecer (ou ter alguma referência, vai!) foi bem curioso e até ousado da parte dela.
Sem contar o fato que já falei em alguns vídeos (muitos no youtube, corre lá!): meu inglês é capenga.
Eu entendo bem, mas elaborar longas conversas são outros quinhentos 😅.
Fico me perguntando se eu teria topado a mesma coisa que ela.
Franziska é ruiva, dançarina e gosta de música brasileira.
Agora ela pode aproveitar o verão europeu com suas roupinhas novas.
Você, bunita, me segue no instagram, AQUI.
Com alegria,
Pat
Silvia Mazinini
Olá Patrícia. Primeiro quero agradecer pela disposição e generosidade em ensinar o teus conhecimentos, eu aprendo muito com você.
Minha dúvida é sobre a peça piloto: que tecido você usa para fazê-la? Comprei o curso de corte e costura do IUB (já fiz vários cursos mas não deram certo porque sempre tem muitas alunas e a converseira me desconcentra, não consigo trabalhar e falar ao mesmo tempo) e estou estudando sozinha.
Agora quero fazer uma blusa com gola smoking que o curso ensina e gostaria de fazer a peça piloto antes de cortar meu tecidinho.
Lá no curso eles orientam pra usar um algodãozinho cru e eu penso que é um tecido que arma um pouco ( o tecido que escolhi pra blusa é mais macio). Será que dá certo, dá pra ter uma ideia do caimento, de como ficará a blusa?
Grata antecipadamente pela resposta.
Silvia
Patricia
Silvia MazininiOi Silvia, eu sugiro à vc comprar um algodão cru bem fino ou,se encontrar, o MOURIN.
Ele é mais levinho e a trama mais fechada, acho que vai funcionar bem 🙂
E boas costuras!
obs. eu tbm adoro trabalhar em silêncio hehehe
Dinalva Pereira
Olá Patrícia, tudo bem?
Passei por aqui para dizer que foi maravilhoso ter descoberto vc no youtube!!!! Estou amando!! Você é extremamente caprichosa, exatamemte como gosto!!
Tenho aprendido bastante com suas dicas e explicações.
Voltei a costurar há pouco tempo, depois de ter ficado uns 20 anos sem fazer uma peça.
Costurava bastante para meus filhos… principalmente para minha filha. Eles cresceram e eu fui trabalhar, estudar e deixei a costura no limbo! Mas agora voltei decidida a seguir em frente costurando! Kkkk
Haja tecido!!!kkk
Bjs
Dinalva
Brasília-DF
Patricia
Dinalva PereiraOi Dinalva, tudo bem? QUe delicia ler sua mensagem!
A costura é engraçada, parece que ela escolhe a hora de estar ativa na nossa vida, ne? Eu espero que vc aproveite bastante essa nova fase e se eu puder te ajudar em algo, estou aqui. Beijo grande e obrigada pelo carinho,
Pat
Ana Elisa
Pat (aquela íntima rs), por onde vc estuda modelagem? Vc disse que fez vários cursos e agora tá estudando de novo. Mas tá estudando alfaiataria, especificamente? Eu tô gostando muito do livro do Gil Brandão, mas tô louca pra descobrir coisas novas rs.
Ah, a franziska escolheu uns tecidos bem lindos, hein? Adorei as peças também. Tô tentando fazer um vestido com recorte princesa agora, tomara que dê certo 😀
Patricia
Ana ElisaOi Ana!
Eu estudo em casa, com livros mesmo. Pego um assunto (no momento, saias) e vou procurando livros na biblioteca, vendo modelagens e principalmente, fazendo-as. Estava há pouco mexendo num livro de vestido de noivas, é mega antigo (dos anos 80, com umas roupas até feinhas) mas tem infos bem legais porque são sob medida. Aqui na NZ não encontrei nenhum curso legal, mas também nem teria dinheiro para pagar agora 🙁 então vou me virando assim.
Ainda não fiz nada do GIl Brandão, mas ele era bem bom, ne? Vc esta gostando?
Sim, ela escolheu bons tecidos, eu também adorei.
beijo
Márcia Hoff
Oi Patricia gosto muito do que tu explica e das dicas, como não estou podendo pagar no momento um curso de costura os teus videos estão me ajudando muito. Eu achei linda aquele modelo de saia q tu fez pra francisca da Alemanha.
Se não for incomodo tu poderia ensinar fazer esta saia com forro. Aqui em Vera Crus – RS usamos muito este modelo.
Guria tu esta de parabéns explica muito bem. Muito Obrigado.
Abraços
Márcia Hoff
Patricia
Márcia HoffOI Marcia.
QUe bom que gostou das peças e gosta dos meus videos. Então, aquela é uma base de saia reta, eu até ja gravei a base, preciso editar pra subir no Youtube. Acho que colocarei em breve. Beijo!
Marta
Óimmm! Meu sonho de consumo é ter roupas feitas sob medida. Amo saias plisadas e evases e ter de esperar “as modas” para poder ter uma às vezes é duro. Há alguns anos, minha família tinha uma costureira que, certa vez, fez 5 saias para mim do mesmo modelo só mudando o tecido. Nem preciso dizer que usei as saias até! Amava! Mas ela está velhinha e não faz mais nada para fora sniff sniff. Meu sonho é poder fazer roupas e vestidos que tenham minha cara (acho que esse é o sonho de grande parte das pessoas que querem aprender a costurar roupas…). Um dia eu chego lá!!! Deve ser um baita orgulho alguém querer vestir algo feito por nós! Prazer indescritível, não?!? 😉
Patricia
MartaOI Marta
Ai, amei a sua história. E que pena que ela não costura mais, ne?
Sabe o pior? Costura (e outras artes manuais) a gente vai ficando boa com o tempo. Quando a gente fica craque já estamos velhinhas e a visão vai simbora… Uma pena.
Eu conheci uma mulher genial, sensacional, modelista das antigas, mas super ceguinha.. ela tinha mais de 80 anos e não enxergava nada… daí deixou de costurar por isso =(
Eu também amo plissados, amo.
beijo!