31 de Dezembro de 2017, Zaandam – Holanda.
O coração bate em descompasso enquanto meu relógio marca 15:50. E eu fico entre olhar para este quarto quase todo branco e perceber as folhas que se mexem do lado de fora. Cai uma chuva fina e ela serve pra tentar amansar minhas emoções tumultuadas desde o fim do tour de costura.
O silêncio da casa é apaziguador. Estava há pouco remexendo pensamentos e anotações quando me dei conta que uma lista que fiz há uns 15 dias sobre coisas que eu quero realizar nos próximos meses havia mudado demais tanto em tão pouco tempo. A impermanência não perdoa nada, nada.
Fiz também uma pasta tentando organizar as coisas que vou costurar nos próximos meses que serão base para os vídeos que virão. Nisso, tive a idéia de escrever sobre os projetos de costura para 2018. Não costumo fazer isso, mas dessa vez sinto uma certa necessidade de tentar organizar as coisas pra não se perder tanto tempo. 2017 foi mais um ano que me mostrou que não tenho controle de nada mesmo, mas que é bom ter alguma organização, pelo menos.
2017:
O primeiro semestre do ano foi pacato.
Depois de um verão no Brasil, voltei pra Alemanha gelada e fiquei numa vida calma naquele bairro lindo, os vídeos e os passeios pela cidade ao redor. Pude escrever, pude pensar na mudança que viria e pude respirar. Pacato, como disse.
O segundo semestre foi, como diz o meme: eita atrás de eita.
Primeiro a mudança para Amsterdam. Chegar aqui e encontrar essa cidade recheada de flores em todo canto, os dias longos e a perspectiva de uma vida minimamente mais fácil por conta do inglês animou.
Mas logo veio o balde de água fria com o erro da emissão do meu visto: com muito, muito e muito stress fui obrigada à embarcar para o Brasil sem previsão de volta.
Depois de tranquilizar o nervoso e secar as lágrimas, comecei a rascunhar o tour de costura e fazer contato com um monte de gente nova. Comprei passagem, embarquei, passeei pelo Recife, reencontrei minha mãe e entrei numa trip louca de trabalho intenso e pesado. Dar aulas é uma coisa que amo fazer, mas do jeito que fiz, faltei desfalecer sem energias 🙁
Ainda assim, houve muito aprendizado e encontros memoráveis. Em cada lugar, pessoas com olhos brilhantes e mãos caprichosas. Foi maravilhoso estar nas 9 cidades em que estive e ser recebida com tanto carinho. As tretas eu ia tentando consertar conforme desse (ainda tem um tanto pra resolver) mas no final percebi que ainda há muito chão e mil corações pra encontrar por este Brasil <3
No fim das contas, voltar pra Holanda tem sido a parte mais difícil de 2017.
São nessas horas finais do último dia do ano que assumo pra mim que ainda não consegui voltar por inteiro. O corpo tá aqui, a cabeça tá alí, as lembranças tumultuam, o sono não regulariza e a lista de planos e prioridades que falei lá em cima muda constantemente. { tem alguma psicóloga aí pra me dar um suporte? tá osso! }
Mas então, o que iremos costurar em 2018?
Minha matemática é simples: até Julho pretendo fazer as peças abaixo e a idéia é focar nas coisas que realmente preciso. O querer é segundo plano.
Preciso:
5 blusas
2 shorts (só tenho um shorts jeans na vida e nada mais)
2 calças (só tenho duas calças, uma já bem desgastada )
3 vestidos
Quero: duas saias.
Exigência: fazer todos os moldes e não comprar nenhum tecido, usando assim todos os que tenho aqui.
Este 2017 terminei costurando: numa dessas noites que passei em claro deu uma vontade de fazer essa blusa que rascunhei no post it abaixo e logo logo ela sai da máquina. Fiz a modelagem, provei uma tela, ajustei o molde e agora é costurar. Acho que vai ficar boa =)
Anoitece na Holanda.
Eu volto a olhar o caderno com a listagem de coisas que havia feito e ela me incomoda.
Porque essa lista tem cheiro e expectativas.
Risco tudo, reorganizo tudo. Meus planos pra 2018 definitivamente são:
1- fazer as pazes com o que habita internamente.
E você, quais seus planos?
Eu desejo que você os viva plenamente. Com olho no olho, sinceridade, presença e um carinho <3
Feliz 2018,
Pat
sabeoqueeessasoueu
Patrícia que lindo seu português, escreve muito bem, parabéns. Adorei seu texto, vc escreve de um jeito suave, de bom entendimento, uma leitura gostosa. Ganhou uma fã.
Sandra Regina